quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Em modo Natal e com muita luz!

Gosto tanto do Natal!
Estamos em Dezembro, escuro e frio (mas sem neve), e nada como o espírito natalício para nos aquecer.

Este ano começámos o Natal em Novembro..., sim, porque temos de ter as decorações de Natal pelo menos 30 dias (dizem os suecos e nós não vamos contrariar as suas estatísticas e tradições) e como vamos a Portugal começámos em Novembro...


São tão bons estes momentos preciosos em que preparamos o Natal. Tudo com amor... porque é feito com as nossas mãos e principalmente com o coração, sempre a pensar em todos aqueles que amamos e que sabemos que nos amam.

Os nossos pensamentos são para vocês, as nossas palavras... tudo bem embrulhadinho, preparado com muito amor e carinho e colocado nas nossas malas. Como disse a uma amiga que foi em missão humanitária para o Uganda, "levas as malas cheias de amor", também nós levamos as malas cheias de amor e saudades!

É uma época tão especial... gosto mais do Natal do que dos aniversários :) claro que também gostamos de prendas (raio do lado consumista que não me larga), mas este ano temos tantas feitas por nós!!! 

Apesar do tempo agora estar a custar a passar... contamos os dias para ir a Portugal e a escuridão sueca que não está a ajudar..., temos as tradições suecas para ajudar a iluminar os dias mais escuros. E nós claros que aderimos, e adoramos:

Os suecos e a mania de falta de luz arranjam formas de ultrapassar essa necessidade. Colocam luzes nas janelas (estrelas do Norte), velas para o advento, e nas varandas... luzes de Natal! Nós optámos pela lanterna ;)
Os quarteirões ficam tão bonitos e tão iluminados, e as luzes são sempre ligadas quando começa a escurecer. Nada é feito por acaso.

Adoro! E se tívessemos neve então... ;)

Aqui já estamos em modo Natal, mas só vai ser mesmo a sério quando estivermos no nosso Portugalzinho, a dar muitos abracinhos e beijinhos nas bochechas de todos!!

Feliz Natal!!
E até já...


quinta-feira, 23 de outubro de 2014

As minhas mãozinhas de fada e a confiança sueca...

Pois é, as minhas mãozinhas de fada voltaram a atacar, e desta vez na minha casinha (quase nova) da Suécia.

Eu sei que o V. quase que me proibiu de ir à cozinha depois de eu ter partido o botão do microndas (e ainda por cima já tinha acontecido um episódio semelhante na casa dos meus pais), uma prateleira na cozinha, e outras coisas que agora não interessam porque acidentes acontecem a todos!! As minhas mãozinhas de fada têm às vezes pouca sorte e... pronto... aconteceu na cozinha do V... fica lá com ela que eu dispenso-a bem :)

Sobre a minha alçada esteve sempre o tratar da roupa, que em casa portuguesa está sempre na cozinha, daí o V. não ter conseguido barrar na totalidade o meu acesso à cozinha.

Na Suécia, casa quase a estrear com máquinas novinhas novinhas que dá gosto olhar para elas.
Depois de ler as instruções (em sueco) lá percebi como funcionavam e toca lá a pô-las a trabalhar.

Ora num dia atribulado, em que queria limpar a casa e pôr a máquina a lavar ao mesmo tempo, verifiquei que me tinha esquecido de um lençol... ora um lençol não é algo que se possa pôr a lavar daqui a uns dias... vá de interromper a máquina e esperar pelo clique para abrir a porta (pelo menos é assim que a minha máquina portuguesa funciona)...
"Vá lá despacha-te", digo para mim mesma... e ponho as mãos no manípulo da porta..."Então??... Abre lá!!"
[ClanK]
"Que é isto?? Porque está o manípulo a abanar??"
[...]
"NÃÃÃOOOOOOO"
[...]
Resultado: o manípulo da porta está oficialmente partido, a porta não abre, a minha roupa está lá dentro, não a consigo tirar e não consigo enfiar mais roupa lá dentro...
A sério?!??! As minhas mãozinhas de fada não podiam ter "atacado" qualquer outra coisinha mais simples... Não, tinha de ser logo a máquina de lavar roupa. E não, não está na garantia, porque a garantia é de 2 anos e a casa tem precisamente 2 anos...

Telefono para os srs do condomínio que me dão instruções para puxar uma treta qualquer que faz abrir a porta... certo, aquilo é de plástico... não vai funcionar com as minhas mãozinhas de fada... é melhor esperar pelo V.
Quando o V. chega a casa lá lhe explico a situação, ele puxa a treta de plástico, e voilá... a cena de plástico parte-se...
[...]
Resultado: o manípulo da porta continua partido, a porta não abre, a minha roupa está lá dentro, não a consigo tirar e não consigo enfiar mais roupa... e a cena de plastico está também partida... fantástico...

Uma amiga "tuga" já me tinha dito que os seguros suecos para as casas cobriam várias coisas, não apenas o recheio, e que não tinham condicionantes ao local onde aconteciam os "incidentes", por isso, vamos lá tentar o seguro da nossa casa...
(nota: é um seguro recente porque apenas o fizemos em Maio)

Depois de uma longa conversa com o moço dos seguros, muito simpático por sinal, percebi que eles efectivamente cobrem este tipo de avarias... não entrei em pormenores sobre as minhas mãozinhas de fada... o que eles não sabem não os afecta :)

Resumindo, eles cobrem apartir de determinado valor.
- "Boa!!" pensei eu. "Então por exemplo, se o valor da reparação for x (orçamento dado pela marca da máquina), voces cobrem a partir de y, quer dizer que nós receberíamos z (neste caso seria 40sek (aprox. 4,4€))?".
- "Correcto.", diz o moço dos seguros. "Qual o nr da sua conta bancária?".
- "Conta bancária?!?! Não, eu ainda não tenho o valor final!", respondo eu indignada com a pergunta dele...
- "Ah! Então quando tiver o valor basta voltar a contactar-nos."

Muito bem! Passado uma semana... sim, uma semana, porque se nos níveis de serviço suecos estiver definido uma semana, é uma semana e não vale a pena alegar que temos crianças, blá, blá...

Passado uma semana, o especialista lá veio, equipado com:
- uma porta
- um mini pc
- uma mini impressora
- e um POS
fez tudo em menos de 15 mins, sem ter de abrir a máquina... fantástico como as máquinas evoluiram..., depois registou tudo no seu mini PC, imprimiu o recibo na sua mini impressora, paguei com cartão MB no POS, mas o recibo do cartão MB tinha de seguir por mail, porque infelizmente aquele POS não imprimia os recibos... depois de tudo, queria eu lá saber que o POS não imprimisse o papel do cartão MB...

Máquina arranjada, hora de ligar para a companhia de seguros. Lá vamos nós...

"Blá, blá, porta da máquina avariada, blá, blá, sim tenho o valor, blá, blá... O nr da minha conta bancária?? Vou procurar só um momento!"
Ao fim de 15 minutos lá encontrei o nr da conta... dou o nr e pumba, a chamada cai... "Bolas, que agora é hora de almoço, já não vou apanhar nenhum sueco..."

Lá volto a ligar, repito a história toda, e oiço do outro lado:
- "Não se preocupe que a ordem de transferência foi feita e daqui a dois dias tem o dinheiro na sua conta."
- "Ah! Obrigada! Então e agora o que é necessário para enviar cópia da factura?", questiono eu com ar aliviado.
- "Não precisamos de cópia da factura, diga-nos apenas a empresa responsável pela reparação".
- "Como?!?!?"

Ora bem, se uma pessoa liga a dizer que teve um problema em casa e que teve determinado custo, o seguro cobre o valor acima do risco do cliente...
"Então e se nós dissermos um valor qualquer?", pergunta qualquer um vindo de um outro país que deixou à muito de confiar nos serviços do seu país...
"Mas porque haveríamos de mentir no valor?", se sabemos que eles cobrem, sem questionar, sem obrigar a provar o impossível... porque haveríamos de mentir?

Para nós foi difícil acreditar que poderia ser assim...
Nós que ainda estamos à espera que a seguradora nos devolva o valor do seguro que não está a ser utilizado por já termos vendido o carro.
Pois, é que falta sempre o papel... qual papel? precisamente aquele que não temos é sempre o papel que as seguradoras precisam.

É bom saber que existe algo diferente para onde podereremos tentar evoluir, porque simplesmente, é possível e funciona.
Se cada um cumprir com a sua parte, porquê desconfiar?



domingo, 19 de outubro de 2014

Já passaram 2 meses e faltam 2 meses

Parece a repetição de um post do ano passado, mas de facto, é assim que nos sentimos quando chegamos a esta data...

"Já passaram 2 meses e daqui a 2 meses estamos em Portugal!".

Mas desta vez os 2 meses passaram a correr... nem acreditamos que já passaram 2 meses, já fizemos muita coisa, mas sem stresses, soube bem.

Este ano parece a consolidação de algo.
As rotinas são a evitar no casamento pois podem destruí-lo, mas neste caso, cada rotina que construímos sentimo-la como a consolidação da nossa vida aqui.
Claro que os nossos pensamentos, mesmo sem o querermos, fogem sempre para Portugal. As saudades, essas, têm sempre uma batida ligeira no coração, porque não passam, nunca vão passar. Temos sempre saudades...

Mas a verdade é que daqui a 2 meses estamos em Portugal.
Temos um "ninho" aqui, e um "ninho" em Portugal. Dizem que o homem se sente sozinho quando perde a sua casa, o seu "ninho". Nós temos dois, cada um com a sua história, com a sua vivência.

Daqui a 2 meses estamos em Portugal, e temos a certeza de que vão passar bem rapidinho.

Até já... a tudo o que nos espera, a quem nós amamos e a quem nos ama...
Daqui a bocadinho estamos aí :)

quinta-feira, 2 de outubro de 2014

E este ano?

Depois do ano passado ter sido tão intenso este ano começou, tal como esperávamos, mais calmo. "Nada de interessante se está a passar..." ... nada disso! Quer dizer... claramente mais calmo, mas ainda com algumas peripécias ;)

Mas a nossa principal preocupação é sempre as míudas. Mesmo que as coisas corram bem, os nossos pensamentos vão sempre para elas. Até elas dizem "Mamã, relaxa, está tudo bem!" (é mais a H. que me diz isto), a M. começou uma nova etapa na sua vida, e não poderia ser fácil. Não o foi para nenhum de nós e certamente não o seria para ela também: a 1ªclasse.

Mas algo facilitou muito o nosso regresso..., foi o regressar para a nossa casa. A nossa casa!
Foi chegar, poisar as malas, e relaxar... 
- sem stress de: sitíos temporários em que nem vale a pena tirar algumas das coisas das malas, porque aqui não vão fazer falta,
- sem o stress do: bolas, que faz mesmo aqui falta isto, mas que treta que não podemos fazer nada.
- sem o stress de: daqui a uns meses vamos estar a procurar um novo sitío porque este é temporário.

Dizem que o ser humano se sente perdido/desorientado sem a sua casa, o seu ninho... e é de facto um dos factores mais importantes para a estabilidade emocional de uma família, de um indíviduo.

E foi assim que nos sentimos quando regressámos... calmos e relaxados... nem sequer nos precisámos de preocupar com as coisas do "regresso às aulas" que aqui eles tratam de tudo.

A nossa casa ainda passou por uma prova importantíssima: será capaz de receber uma família de 4? A resposta é sim! 
A família G. chegou no dia seguinte a nós. Quartos preparados sem grandes alterações, ninguém se sentiu "apertado", tínhamos espaço :). E o melhor foi que ninguém teve de dormir na sala ou levar connosco às 6:30 a tomar o pequeno-almoço.
Não, correcção. O melhor mesmo foi ter a família G. connosco!
Foi uma continuação das nossas férias em Portugal. 
Foi uma renovação de amizade, que sempre existiu e que esteva lá, mas estava meio "adormecida".
Foi muito muito bom!

Foram 5 dias, a conhecer uma cidade e um país que ainda a nós nos surpreende. De brincadeiras no jardim com a escavadora. Das conversas à noite (não podiam ser até de madrugada, porque no dia seguinte era dia de escola/trabalho). De muitas caminhadas e quase pés rebentados.
(suspiro)
Foi mesmo bom. Durante uma semana andei a "ressacar" da falta que me fizeram :) A responder às perguntas das meninas. "Achas que eles voltam?", "Achas que a B, me acaba o porta-chaves quando estivermos lá no Natal?", "Oh, era tão giro com elas aqui...
(suspiro, outra vez)

Mas a nossa vida ainda precisava de mais uns arranjos! Algumas coisas na lista que foram prioritizadas: carro, tv, algo para nos sentarmos no nosso "jardim de inverno", festa da H., regresso às aulas de sueco.

Carro estava no topo da lista e cumprimos. Obrigadinha a todos os que me aconselharam a não ter carro em Estocolmo. Pois sim, apenas dizem isso porque não viveram em Estocolmo, porque não tinham compras da semana a fazer para uma família de 4, porque não tinham amigos fora do centro de Estocolmo, porque não fizeram nada fora do centro de Estocolmo. Belo conselho! Está no lixo!
Temos carrinho e sabe-nos muito bem!

Festa da H.: depois da festa de arromba em Portugal, que me ia destruindo a garagem, fizemos uma festa na Suécia. Marcada com 3 semanas de antecedência por causa das famílias suecas e que baralhou os nossos amigos tugas. E que ao início da noite me virei para um pai italiano e lhe disse:
- "Bem...", 
- "Está na hora de irmos embora...", interrompe-me ele! 
- "Não, vamos agora jantar", respondo-lhe eu. 
O olhar surpreendido dele foi hilariante. Mas há lá festa portuguesa que comece à tarde e não se prolongue para o jantar?? E para os italianos é igual, mesmo que estejamos na Suécia.
A H. esteve felicíssima. E nós também que desta vez abrimos as portas em grande da nossa casa :)

O resto foi acontecendo, como normalmente nos acontece: com calma.

Estamos bem! Estamos a aproveitar a nossa casa, os últimos dias de Sol, e um ligeiro quentinho. 
Sentimo-nos bem quando chegamos ao nosso cantinho... aqui, quase, quase à beira lago plantado.




sexta-feira, 15 de agosto de 2014

E assim se passou um ano...

É verdade... já passou um ano desde que fomos para a Suécia!
Parece que passou a correr... mas não passou! Não vou resumir este ano porque muito já eu escrevi sobre as nossas experiências, alegrias, ansiedades, desabafos, enfim...

Um novo ano nos espera: novas aventuras, ansiedades, medos... Não sabendo o que o futuro nos reserva, somos de opinião que será mais tranquilo... sem stress de procura de casa, adaptação a uma lingua estrangeira, a uma nova escola, a usos e costumes, por isso,... novo ano toma lá estes nossos sorrisos:


para que nos possas retribuir da melhor forma que te for possível ;)

sábado, 28 de junho de 2014

E assim se passou um ano lectivo - M.

A tua doçura ajudou-te a ultrapassar o que poderia ter sido um ano difícil.

Mais uma vez a barreira da língua, aliado à falta de carinho e atenção por parte dos professores, a falta de trabalhos manuais que tu tanto gostas, complicaram o que poderia ter sido um adaptação fácil.

A barreira da língua foi o mais fácil, pois no início tiveste um professor que falava espanhol e conseguia dizer algumas palavras em português para te ajudar.

A falta de carinho e atenção, dificultaram a adaptação, pois não te sentias especial quando chegavas à escola, p.ex..

A falta de trabalhos e orientações até foi algo positivo, pois não tiveste stress para perceber instruções e conseguir fazer o que te poderiam eventualmente pedir, com a perfeição com que tanto gostas de fazer o que te é pedido.

Os lemas de "Não se pode limitar a criatividade da criança", e "A criança é que decide", são enervantes para um pai que vem de outro país, mas no teu caso até deu "jeito".

O melhor foi mesmo as amizades que fizeste com as meninas da escola. Chamava-vos o "Grupo dos Abraços". ninguém saía da escola sem dar e receber abraços de todas as amigas (pois,... os rapazes estavam excluídos deste ritual de despedida diário).

Elas sim fizeram-te sentir especial, e eram o motivo do teu sorriso matinal e alegria de ir para a escola.

Pulseiras e autocolantes eram as vossas principais actividades. Sem esquecer as idas semanais ao bosque, e as diárias ao parque (fizesse chuva, sol ou neve) e sempre de transportes públicos.

Não houve festa de finalistas, e o piquenique de final de ano deixou muito a desejar. Mas a verdade é que te divertiste muito na escola.

Falas pouco inglês e pouco sueco, para o que estaríamos à espera. Não sabemos se será suficiente para a 1ªclasse, mas com a tua boa vontade e perseverança vais conseguir fazer tudo o que te propusserem, e com o teu preciosismo.

Adoras a Suécia e adoras Portugal.
As dificuldades e obstáculos foram outros. Mas tu conseguiste ultrapassar tudo. Estamos muito muito orgulhosos de ti!

Ah, e em relação às amigas... uma vai ficar numa escola diferente mas no mesmo edifício da tua, e existe a possibilidade de outra ficar na mesma escola. Será que o "Grupo dos Abraços" vai continuar? ;)


E assim se passou um ano lectivo - H.

E assim se passou um ano lectivo, num país distante para onde não querias ir, e que teve um começo tão difícil e um fim tão surpreendente e brilhante.

A barreira da língua foi, sem dúvida, o maior problema. Não conseguir comunicar, não perceber o que se passa à nossa volta, seguir os outros sem saber porquê ou para quê... Apenas olhar para o relógio com a esperança que ele ande mais depressa. A mente a divagar... por onde? Não interessa, qualquer sitío menos aqui...

A falta dos amigos. É tão bom estar perto de pessoas que gostam de nós, que nos compreendem quando apenas lhes damos a mão e dizemos "Vamos?"

A família, os miminhos que a família dá são tão bons e reconfortantes, insubstituíveis... quem nos compreende melhor do que os nossos queridos avós?!

A nossa casa, as nossas coisas, a nossa vida, tudo o que conhecemos.

Momentos de dúvida existiram. O momento mais marcante que me fez pensar "Será que foi a decisão certa?..." aconteceu certo dia no recreio em que a professora tinha preparado um exercício de encontrar coisas com base num mapa do recreio. Cheguei antes da hora de saída, 10 minutos antes como a H. me pedia sempre, e assisti ao final do exercício... o seu ar distante, o esforço para se mostrar interessada para as colegas, o desviar o olhar com esperança que a professora não lhe fizesse nenhuma pergunta, o olhar para baixo com olhos tristes... foi um momento muito difícil..., para ela porque todos os momentos na escola eram assim, e para mim que assisti ao que ela realmente passava diariamente... e sem poder fazer nada para conseguir melhorar algo no seu dia-a-dia...

Um dia de manhã ela disse-me: "Mamã tu não sabes como é! Não digas que vai melhorar, tu não estás cá, eu é que estou..." O meu coração ficava destroçado... e o dela também...

Mas a verdade é que melhorou! Todos me diziam que ia melhorar, mas até acontecer, ninguém acredita.

Ponto de viragem: O Natal.
Foi quando percebeu que falava inglês e que grande parte das meninas portuguesas da sua idade não a percebiam. A verdade é que lhe fez bem ao ego, e ela estava a precisar disso :)

A partir daqui foi sempre a melhorar:
- A alegria que sempre sentiu em ir para a escola (desde a creche), voltou!
- O falar sem parar, voltou!
- A sua vontade de fazer coisas e pedir para as fazer até conseguir, voltou!

A H. voltou a ser quem era!

Arte e Música, foram as suas disciplinas favoritas.
Matemática, foi com uma perna às costas! E se estudasse então, tinha sido de olhos fechados.
Inglês (como língua não materna (inglês intensivo)) foi o que fez a diferença. A H. teve muita sorte com a professora. Existem poucos professores que conseguem "marcar/tocar" os alunos, esta professora é uma delas. Fez toda a diferença, e colocou a H. no nível em que ela está hoje. Não é fluente em inglês, pois ninguém consegue ficar em 9/10 meses, mas é impressionante o que ela alcançou.

3 períodos - 3 livros:
1º - Por causa de Win-Dixie: Um desastre. Um filme de terror para a conseguir colocar a ler, para se interessar, para perceber.
2º - A teia da Carlota: História que já conhecia mas que não se lembrava. Esforço ainda para ler (mais por preguiça do que por não conseguir).
3º - Jane Goodall - My life with the chimpanzees: Sem comparação. Lia sozinha, fazia os resumos e respondia às questões sozinha. Impressionante ver a evolução.

Exposições à 6ªf sobre temas diversos. Discussão de temas da actualidade, como p.ex., a morte de Nelson Mandela. Angariação de fundos com produtos elaborados pelos alunos para doar ao Instituto da  Jane Goodall. Foi muito intenso, e importante, para perceberem o mundo que os rodeia.

A festa de final de ano, encerrou este ano lectivo. Nesta festa são atribuídos prémios/certificados aos alunos que se distinguem/evidenciam em diversas áreas. À H. foi-lhe atribuído um prémio de Resiliência. Foi o culminar de um ano lectivo cheio de obstáculos, dificuldades, evoluções, alegrias, e "vou conseguir!".

Depois da festa, os alunos regressaram às suas salas, todos se sentaram no tapete onde normalmente são discutidos os temas da aula, os livros que estão a ler. Neste dia, a professora disse palavras de despedida a cada uma das crianças. As palavras de despedida da professora foram lindas. Lágrimas escorreram pela face da H. enquanto a professora falava com ela.
"Já viste onde chegaste? Lembras-te que no início nem conseguíamos comunicar? E agora olha para ti. Tu vais conseguir fazer tudo o que quiseres da tua vida! És um génio, acredita em ti!"

PARABÉNS H. Superaste este ano tão difícil. A tua recompensa são 2 meses de férias em Portugal, com muito amor e carinho de quem mais gostas. E a certeza de que para o próximo ano lectivo, já vais poder ser tu própria, num ambiente que não te é desconhecido e que agora até já começas a gostar :)

És muito corajosa e lutadora. E estamos muito muito orgulhosos de ti!


sexta-feira, 6 de junho de 2014

Casa Nova!!! [ Mas esta é mesmo nossa ;) ]

Em Portugal nunca nos passou pela cabeça mudar de casa... quando comprámos a casa foi com a dimensão já a pensar nos filhos, a localização certa, enfim e outros factores que agora não me lembro...

Aqui em apenas 9 meses já mudámos 2x de casa... como a vida muda... e nós também...

[adiante]

Casa nova, é verdade, mas esta é NOSSAAAAAA!!

Sim, porque o aluguer de casas em Estocolmo é de loucos, e nós não queríamos andar nesta troca de casa de 8 em 8 meses, por isso, e seguindo o conselho de várias pessoas com conhecimento de causa, deveríamos avaliar a opção de compra quando recebessemos o aviso de saída da casa em que estávamos.

E nós pessoas preparadas como somos, quando regressámos das férias de Natal, começamos a pensar que deveríamos tratar do assunto, porque isto de viver em casa alugada não tem assim tanta piada...

Identificámos os requisitos mais relevantes e chegámos à conclusão de que o que queríamos era de:
  • 3 quartos + sala, 
  • de um apartamento novo, que isso foi algo de que gostámos nesta casa alugada,
  • perto de uma saída de metro,
  • em Estocolmo
até nem são factores impossíveis de concretizar...
e esquecemos aquela coisa da vivenda, com jardim virado para o bosque, fica para outra vida...

Começámos então na procura da casa, zonas que gostávamos, dentro do valor acordado com o banco, e começamos a pesquisar no site onde tudo acontece! Ah, pormenor importante... as casas são compradas através de um processo de leilão.

Pois, se achávamos que procurar uma casa para alugar foi um dos trabalhos de Hércules, comprar uma casa foi quase Missão Impossível... de tal forma que no início de Março as coisas estavam tão complicadas, que o V. zangadissímo com toda esta situação disse: "Eu não quero saber! Em Junho vai tudo para Portugal e NINGUÉM VAI VOLTAR!" [eu sei, é dificílimo chatear o V.]

E para que este post não seja uma longa narrativa de tudo o que nos aconteceu, aqui fica um resumo:
[Nota adicional: no meu anterior emprego, fui acusada de não conseguir fazer resumos simples, mas vou tentar]
  • visnings (visitas às casas) são todos aos Domingos entre as 12:30 e as 13:30! 
  • [espectacular para os "tugas" uma vez que calha na nossa hora de almoço, os suecos estão despachados a essa hora, mas nós... nós lá íamos com as míudas e com as sandochas na mochila para ver as casas, e tinham de ser várias no mesmo dia]
  • participar em leilões de casas, que nem sequer eram assim tão giras...
  • o valor das casas a subir e a terminar em valores bastante superiores ao inicialmente definido como "valor aceitável"
Ok, começámos então a rever os nossos requisitos:
  • não prescindimos dos "3 quartos + sala";
  • do apartamento novo..., prescindimos mas dependerá muito das condições;
  • ok, podemos trocar a saída de metro por um outro meio de transporte, desde que não seja o autocarro..., são bons, mas ao fim de semana são muito reduzidos :( ;
  • Em Estocolmo..., era tão bom que conseguissemos ficar em Estocolmo...
Revistos os requisitos, revimos as nossas opções e fomos mais agressivos nos leilões em que participámos e nas casas que visitámos.
[Deixámos de ir ver casas, só por ver! No início era giro, mas todos os Domingos "queimados" a ver casas, começou a pesar...]

Conclusão: para ficarmos em Estocolmo, tínhamos-nos de ficar pelos 2 quartos + sala, ou então só nos restava sair de Estocolmo.

Novos locais! Uma das casas que fomos ver fora de Estocolmo, e sobre a qual estavamos bastante interressados, tinha uma decoração um pouco antiquada, e quando entrámos no prédio os velhotes que lá viviam davam-nos um grande sorriso, pensámos que seria por causa das miúdas...
Quando entrámos na casa, o agente da imobiliária disse-nos que erámos um casal bastante novo e não nos deu o panfleto da casa... agradecemos com um grande sorriso de satisfação, pois apesar da idade continuamos a receber elogios pela nossa juventude. Mas pedimos o panfleto, o qual ele justificou que não fazia sentido uma vez que a casa era para pessoas com mais de 65 anos... a sério?!?!?! faz-se isso aqui na Suécia!??!?! Este país de facto...
[se calhar temos de começar a fazer um esforço e começar a traduzir os detalhes da casa...]

Ok, mas ainda assim, encontrámos uma zona em Estocolmo, não muito gira, mas que as casas valiam a pena e dentro do nosso orçamento! Força com o leilão!!
[Nota adicional: os visnings acontecem ao Domingo e por volta de 4ªf/5ªf a seguir, as casas são vendidas, inclusivamente com contrato assinado.]
  • 2ªf eramos os unicos licitadores;
  • 3ªf apareceram mais uns quantos, mas no final do dia já só eramos 2;
  • 4ªf já estava a cansar, por cada licitação que eu fazia o outro licitador fazia uma 5 mins depois, a coisa não se resolvia nem por nada;
  • 5ªf ao meio dia fiz mais uma licitação... passou a 1h, 2h, 3h, 4 da tarde e ninguém nos dizia nada... "Querem ver que ganhámos a casa!", disse o V., "Até receber a chamada de confirmação não acredito.", dizia eu.
  • 16:45 recebemos a bendita chamada... nem queríamos acreditar, as miudas estavam contentissimas;
  • mas havia um problema tínhamos de assinar o contrato hoje... HOJE?!?!? mas é tardissimo, uma hora de caminho, o jantar da meninas... a sério?!?! não pode esperar por amahã??! "Não não pode tem de ser hoje!", dizia-nos a sra da agencia...
  • O V. já estava irritadissimo com esta situação toda, mas lá nos íamos preparar para ir assinar o contrato....
  • nisto tudo, passado 20 mins recebo um sms com outra licitação e o telefone toca... perdemos a casa...
Este processo todo é uma %&$#&, eu disse às minhas filhas que tínhamos ganho uma casa... que falta de integridade, que falta de honestidade e consideração para com os outros...
[isto foi o que iniciou a "explosão" do V. que referi anteriormente]

Voltámos literalmente à estaca zero!

[Nota adicional: estávamos pressionados pelo tempo, porque tínhamos de sair da casa até ao final de Maio, e verificámos que já não tínhamos assim tanto tempo...]

Numa das visitas, o V. passou por uma zona muito gira e quis-me mostrar a zona... Eu não estava lá muito convencida porque era fora de Estocolmo... fui! A zona é LINDA!!! "V., temos de morar aqui!!", disse-lhe eu.

Passámos por uma casa com a placa vende-se! "Que estranho...", diz o V., "Esta não está no site, vou verificar o que se passa..."

Tivemos sorte!!! Ficou essa a nossa casa :)

Ficam aqui umas fotos (decoração dos anteriores donos)

Foram meses muito muito stressantes... Mas agora podemos relaxar, e apreciar a NOSSA casa!

Amanhã vamos ter um House Warming... uma coisa muito típica aqui na Suécia!!!



quinta-feira, 3 de abril de 2014

Das coisas que mais gosto de fazer é Ler...

Adoro ler!
Adoro segurar num livro e sentir-lhe as páginas, o tipo de papel, as letras impressas...
Adoro ler sobre o autor, as criticas, o resumo, antes de o começar a ler...
Adoro o resistir a ler a última página ainda antes de ter sequer começado o livro...
Adoro ter um livro na mesinha de cabeceira, de o ler antes de adormecer e acordar e ler mais um capítulo [válido apenas ao fim de semana]

Adoro que as minhas filhas já tenham alguns hábitos de leitura. Como dizia uma educadora da M. "Um livro é um amigo!".

Não trouxe a minha "biblioteca", porque não quisemos é um facto! Mas a descoberta das bibliotecas da Suécia superou a falta destes... "amigos".

As bibliotecas existem em bastantes pontos da cidade, sendo sempre fácil encontrar uma.
Estamos na Suécia, e por isso, têm sempre uma área infantil. E não, não é apenas uma mesa com 2 cadeiras e um daqueles brinquedos de empurrar argolas de um lado para o outro, é uma área infantil.
Todas temos o nosso cartão, que as sras bibliotecárias, disseram que fazem questão das crianças terem o seu próprio cartão!
Têm actividades, e publicam-nas no seu facebook para que os leitores saibam sempre o que se passa e possam participar.
Têm språkcafé (muito importante para quem está a aprender sueco!)
E sim, têm livros... muitos livros! E em várias línguas!... E sim em português também ;)

Sempre que lá vamos vimos carregadinhas! E tão felizes!

A biblioteca aqui ao pé da nossa "casa" esteve muito tempo em obras, e reabriu finalmente, quando a fomos visitar voltámos assim:

     esquerda: livros da H. / topo: meus / direita: da M.
     Os nossos cartões :)

É uma das muitas coisas que gosto aqui na Suécia: as bibliotecas!


domingo, 16 de março de 2014

Um sueco, um português e um isrealita...

... a falarem sobre os correios.

[A conversa começa entre o português e o isrealita]:
- "Isto de termos de mandar esta documentação por correio é uma chatice!", diz o português.
- "É verdade!", diz o isrealita.
- "Por acaso sabes como se envia uma carta registada aqui na Suécia?", pergunta o português.
- "Pois é, ainda mais essa, tem de ir por carta registada!! Vamos perguntar ao X (sueco)", diz o isrealita.

[Na conversa, é agora envolvido o sueco]:
- "Como é que se envia uma carta registada aqui na Suécia?", pergunta o isrealita ao sueco.
- "Carta registada? Acho que não temos isso... Para que precisam de enviar uma carta registada?", pergunta o sueco com um ar verdadeiramente surpreendido.
- "Para termos um comprovativo de que enviámos a documentação!", responde o português.
- "Comprovativo? Para quê? Os correios entregam sempre as cartas que são metidas no correio! O serviço dos correios é de 99,995% sucesso. As cartas são sempre entregues!", responde o sueco.
- "Então e se fores o 0,005%?", pergunta o português.
- "Ah... nunca tinha pensado nisso... Mas devem-me telefonar a perguntar porque não enviei a documentação.", diz o sueco.
- "E tu o que respondes?", pergunta o isrealita.
- "Que enviei a documentação pelo correio!", responde naturalmente o sueco sem perceber as caras de espanto do português e do isrealita.
- "E eles acreditam?", perguntam os outros dois em simultâneo.
- "Claro! Porque não haveriam de acreditar?!", responde o sueco.

Efectivamente, se todos fizerem a sua parte, claro que se pode confiar no sistema e em todos o que o utilizam.

Só mesmo aqui na Suécia...


O que temos na Suécia...


  • Natureza;
  • Parques no centro da cidade;
  • Bosques no centro da cidade;
  • Quando pára a neve e o frio tudo fica verde...

As pessoas começam a "acordar" para a vida (diz-se por aí que os suecos hibernam no Inverno).
O Sol convida a passear, convida a estar com os amigos, convida a ir para os parques, para os bosques;
para a Natureza...

E lá andamos todos: a passear, as crianças a brincar nos baloiços, nós a estender uma toalha na relva, a apanhar cogumelos, a apanhar folhas, ramos, bolotas, e não só...

[Agora começa uma história verídica]
- "Tenho aqui uma borbulha que me doí imenso", queixa-se a Mãe, durante alguns dias sem, no entanto, lhe dar muita importância.
- "Esta borbulha é mesmo estranha...", queixa-se novamente a Mãe.
- "Ó filha, vê lá esta borbulha à Mãe...", pede a Mãe com ar preocupado.
-"Ó Mãe!! Isso tem patas!"
-"Patas?!? Patas?!?!"

Pois... borbulhas com patas... aqui nas zonas mais verdes da Suécia existem imensas... carraças.
É verdade... é muito comum apanhá-las. De tal forma é comum, que até existe uma vacina contra os seus efeitos secundários. [O que eu acho estranho é não estar no plano oficial sueco...]

Não se stressem e continuem a querer vir a Estocolmo. É bastante comum, e os centros de saúde sabem o que fazer.

Apesar do stress da situação, quis partilhar esta história, porque a expressão "Isto tem patas" vai ficar para sempre guardada nas nossas memórias :))) O que nós nos rimos...

Nota: Publico esta história com autorização da protagonista do sucedido.


quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Estou tão orgulhosa, mas tão orgulhosa,...

que tenho de partilhar!!

A minha H., com tantas dificuldades em inglês no início e agora já faz composições em inglês!! Estou tãoooooo orgulhosa da minha princesa... ora vejam lá:

"
If I was invisible

When the day start  I would go to school,  but I would have a bottle in my bag and then drink it when my mum was away.Then I will do tickles to many people and I will touch a  deer and the deer is not going to run away because he couldn’t see me.Then I would go to my dad’s work, and go to my sister’s school to see if she is  speaking english.And then I will go to my mum’s work and see if she is speaking swedish.But when it was night i wasn’t invisible but it was very, very FUN.


by H. P.


"
Tradução: [não sei se conseguirei manter os erros gramaticais, mas ficam com uma ideia do texto]
"
Se eu fosse invisível
Quando o dia começar eu iria para a escola, mas eu iria ter uma garrafa na minha mala e depois bebo-a quando a minha mãe não estivesse.
Depois eu irei fazer cócegas a muitas pessoas e eu irei tocar num veado e o veado não vai fugir porque ele não me conseguiria ver.
Depois eu iria ao emprego do meu pai, e vou à escola da minha irmã para ver se ela fala inglês.
E depois eu irei ao trabalho da minha mãe e ver se ela está a falar sueco.
Mas quando fosse noite eu não era invisível mas foi muito, muito DIVERTIDO."

Um doce não está?

E hoje tiveram de fazer uma prova internacional. Uma prova direccionada a todas as escolas internacionais para medir e comparar competências dos alunos em termos de matemática, leitura e escrita.

Foi pedido aos alunos para escreverem uma história a qual teria que conter um gorila. O texto deveria ter no mínimo uma página, e a H., escreveu página e meia... (xiça!!)

Infelizmente não tenho o texto, e não sei se alguma vez terei acesso ao texto, mas fica o resumo que a H. fez do que escreveu:

"Uma menina queria ir ao jardim zoológico, mas ouviu muito barulho. Era um gorila que estava a destruir a cidade mas não destruiu a casa dela porque era amarela.
O pai dela fez magia e transformou o gorila num menino, mas passado uns minutos o menino comeu uma banana e ficou gorila outra vez.
A menina chorou e o gorila disse que gostava de amarelo mas não gostava de bananas. Então a menina disse que ele ia ser um menino que ia gostar de amarelo mas que não ia comer bananas."

["E foi assim que se resolveu a situação", diz a H., sempre que pedimos para ela contar a história.]

Nota adicional: A cor favorita da H. é amarelo e ela não gosta de banana.

Adorámos a história!! Mas mais importante, é que ela está muito mais relaxada e já consegue voltar a imaginar, e estamos a adorar.

Já disse que estou muito orgulhosa da minha H.?!?
É que estou mesmo :)


terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

E em plena hora de ponta...

... ia eu e a M. de autocarro buscar a H., quando começa o condutor do autocarro a buzinar...
Ora buzinar é algo que raramente se ouve na Suécia!

Eles apesar de também serem [raramente] "artistas" a conduzir, são bastantes tolerantes, por isso, ouvir buzinar na Suécia é porque algo de grave se passa...

E o condutor buzinava e fazia travagens, digamos um pouco bruscas (o que também não é comum), e num semáforo teve inclusivamente de fazer marcha-a-atrás, o que confesso que para um autocarro "lagarta" me fez um pouco de confusão...

Nisto levanta-se um passageiro, que vai falar com o condutor: "blablabla [på svenska] Holland?", ao qual o condutor responde: "Nej, Portugal!!"

Portugal?!?!??! Não pode ser?!?! Mas era mesmo! O artista que estava a provocar aquela confusão toda com um camião, era de Portugal... :(

Confesso que fiquei envergonhada.

Já sabemos que os 'tugas' são artistas a conduzir, mas podiam fazer um esforço e deixar essas habilidades em Portugal, não?


quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Mas quem é que manda!??!

A H. e os dentes.
Nasceram tarde os de leite, tarde chegam os definitivos.

Estão a cair os de leite mas a um ritmo tããããõooo lentoooo...

O pior é quando o dente de leite abana e não cai, o definitivo começa a nascer e o de leite não cai...

- "Deixa o pai ver...";
-"Não! Já sei o que vais fazer. Só deixava arrancar se fosse a avó..."
- "Mas eu não quero fazer nada, só quero ver!"
- "Nãããõooooo"
e lá ficou o dente...

abanar abanava, mas não caía...

Como os dentistas para as crianças são grátis aqui na Suécia, marcámos a consulta... Preparámos a H... "vai ser com spray", "não vais sentir nada", "blá blá blá".

No dia da consulta (marcada para as 8:15... e desconfio que não fomos as primeiras), lá fomos nós e com algum nervosismo a acompanhar-nos...

Já conhecíamos o dentista, simpático, conversa agradável, tirou uns raio-X... e analisou os dentes. A H. começou a perguntar o que vai acontecer, o que vai acontecer, e o dentista diz: "Querida, só te arranco o dente se tu quiseres...". "O quê?", pergunto eu.

Muito calmamente, o dentista explica-me que na Suécia, eles não forçam a criança a fazer algo que não querem. "O quê?", pergunto eu, "Dê um empurrão no dente!!!", e muito calmamente, o dentista explica-me que na Suécia, eles não forçam a criança a fazer algo que não querem. A H. levanta-se toda contente, vai escolher a sua escova de dentes e o seu brinquedo e dá-nos o seu melhor sorriso...

O dentista lá me explica que o dente não tem raiz, que em menos de um mês irá certamente cair, que não está a prejudicar o dente que está a nascer nem o resto da dentição...

Eu nem queria acreditar!!!
- 8:15 da manhã
- o stress em cima da H.
e eles não arrancam o dente porque a criança não quer...

Mas desde quando é que as crianças decidem!??!
Mas afinal quem manda?!?!

Aqui na Suécia são efectivamente as crianças... O que fará na sua personalidade? [Alguns artigos têm sido escritos, mas não irei abordar esse tema neste post!]

Em relação ao dente, espero mesmo que caia... ou será que temos de esperar pela visita da avó?


E depois de um começo tão difícil... 90%

Tanta lágrima derramada...
Tantas dúvidas que tivemos...
Tão difícil o início, a adaptação...

Apesar de todos nos dizerem para darmos tempo ao tempo, que no Natal as coisas já iriam estar diferentes... o tempo demorava a passar e os resultados teimavam em não acontecer...

[Por falar em teimar, a situação só se arrastou mais ainda devido à existência de uma grande camada de teimosia e resistência!]

Teimosia, resistência, preguiça, o mundo inteiro contra... tantos factores, todos contra apenas uma criança de 8 anos...

A verdade é que esses tempos passaram..., e a confiança e a alegria da H. voltaram!
- Já tem amigas,
- Já tem alegria quando vai para a escola! Ela que sempre adorou ir para a escola.

A habilidade de comunicar é algo de facto muito importante para um ser humano, e assim que a H. percebeu, que a conseguiam perceber e que conseguia perceber os outros, tudo mudou.

Quando fomos a Portugal estar com a família e com os amigos, receber todo aquele amor, carinho..., e os elogios... reforçou ainda mais a sua autoconfiança, e a forma como viu esta mudança na sua vida.

Quem a viu e quem a vê.

A verdade é que agora já não é uma tortura fazer os trabalhos de casa:
- as spelling words passaram de 15 para 20, e quase que já não é preciso o nosso auxílio, na sua preparação.
- Ok, a leitura do livro do período consome-nos ainda algum tempo, dado que os factores T e P (teimosia e preguiça) já estão intrínsecos na sua personalidade;
- até já tem disciplinas preferidas.

Neste momento, a sua energia já não é totalmente gasta a lamentar-se, o que lhe permite ser a aluna que era...
E o resultado viu-se no teste de matemática que fez hoje (e que já recebeu corrigido): 90%?!!?... 90%?!!? Sim H., podes jogar tablet a noite toda, e resmungar do que quiseres, e ainda comer um chocolatinho... estamos muito muito orgulhosos de ti... adoramos-te, e sabíamos que ias ser capaz!

Para ti H.



domingo, 12 de janeiro de 2014

O Natal em Portugal

Foi tão bom, mas mesmo mesmo bom...

1. A antecipação:
Toda a preparação das malas, da verificação e reverificação das nossas listas, aumenta a nossa ansiedade e expectactiva. Parece que já estamos a viajar sem ainda termos iniciado a nossa jornada.

2. A noite antes da viagem:
A mais difícil de todas! Será que vamos conseguir adormecer, "é melhor adormecermos o mais rápido possível, porque assim o amanhã chega mais rápido", dizemos nós.
Estamos tão ansiosos que as malas ficaram prontas no dia anterior ao da viagem... verdade seja dita, que não temos assim tanta coisa para levar, o mesmo já não se poderá dizer do que queríamos trazer...

3. O dia da viagem:
Prontissimos!! E muito antes da hora prevista!!
Mais vale mesmo sairmos já, assim excusamos de ter de levar com o "quando é que saímos?", "já está na hora?"
Pernas ao caminho que já só queremos é chegar a Portugal.
A viagem de avião foi longa, mas só por sabermos que íamos para Portugal, ninguém se queixou... fossem todas assim...

4. A chegada:
Prometo que não vou chorar..., prometo que não vou chorar...
Sniffffffffff, não aguentei, avós, tios e primos à nossa espera?! A emoção foi demais!!
Estavamos tao contentes, mesmo mesmo felizes!!!
Agora é aproveitarrrrrr!!!

5. Família:
Tínhamos tantas saudades da  nossa família, abraços e beijinhos houve muitos, mesmo muitos.
Apesar de ter passado "pouco" tempo, só quando chegámos nos apercebermos quantas saudades já realmente tínhamos.
Saudade, palavra bem bonita e com tanto sentimento.

6. A nossa casa:
É um facto que estamos bem  onde estamos, mas a nossa casa... as nossas coisas... as nossas memórias...
Soube-nos tão bem, estar na nossa casa.
Claro que o frio... belo do isolamento mal feito, que nos faz também ouvir todos os barulhinhos dos outros apartamentos eram dispensados.
Mas a verdade é que já tinhamos saudades de estar na nossa casinha.
A inexistência de operador de tv, fez-nos ter belos serões de conversa e apreciação de cada pormenor da nossa casa.

7. Amigos:
Até tínhamos uma lista! Ah pois que não queríamos deixar ninguém de fora. E conseguimos estar com todos. Novidades, partilhas, e mais saudades.
Foi tão bom! E verdade seja dita, estive com amigos que já não via há mais de um ano. A saudade de emigrante leva-nos a querer estar com os amigos. Antes assim, pois estivemos com todos os que queríamos mesmo estar...
Até para a H. fizemos uma lista, pois que ela tratou de nos lembrar que também ela queria estar com as suas amigas. A amizade não tem idade para começar, e no caso dela começou bem cedo e está para ficar. Os dias passavam e não ia ser possível estar com todas, resolvemos a questão com uma festa para as miúdas do "costume". Diversão garantida.

8. Petiscos:
E foi com cada um. Almoços, jantares, lanches, saboreámos tudo. Todos os nossos pedidos foram atendidos.
Quando fomos a casa da avó M. e a H. pergunta: "Avó, puseste farinheira na tua feijoada?", "Não, pensava que não gostavas de farinheira..." responde a avó M., quando a tampa da panela se levanta e só se vê farinheira... "Avóóóóóóóó!!!!"
As castanhas assadas deviam ter sido em Novembro, mas tinha de ir à baixa comer castanhas ;)

9. Natal:
A minha época favorita... Gosto mais do Natal do que de fazer anos.
A árvore de Natal, o presépio com o cheirinho a musgo, as luzes, o sol, a chuva, as filhozes, e os torcidos, a mousse de chocolate, o belo do bacalhau cozido, tanta coisa boa.
A família reunida, é a melhor parte!! É uma época intensa e cheia de Amor!

Os dias foram passando, e a sensação de bem estar, de estarmos de férias descansados, de estarmos a aproveitar cada minuto, cada momento, persistia.

Tivemos mais férias neste período de Natal do que quando estivemos de férias de Verão... E sem o stress dos preparativos de uma viagem para o "desconhecido".
O stress que tivemos agora, foi se iriamos conseguir colocar nas 4 malas tudo o que estava na nossa lista (lista essa que começou a ser feita no primeiro dia que aterrámos na Suécia)... claro que não coube tudo o que queríamos, mas conseguimos trazer grande parte :)

10. O regresso:
Isto de ser emigrante não é mesmo nada fácil... virmos embora quando estavamos tão bem.
Mas férias são férias...
E o regresso não foi assim tão dificil, todos sabíamos que iríamos voltar, já sabíamos o que nos esperava, já não foi uma viagem rumo ao desconhecido.
Despedidas rápidas, para não termos surpresas e lá fomos nós... a verdade é que temos uma segunda família na Suécia que também nos acarinha e de quem sentimos falta.

Ainda em viagem e encontramos um casal que conhecemos aqui, e mais um outro casal que também está na Suécia desde Agosto... mundo pequenino este.

Não saímos de Portugal sem antes termos marcado a viagem de visita dos nossos avós: 04Abril (já estamos a contar os dias). Ficámos 4 meses sem visitas, mas agora só vamos ter de esperar 2,5 meses... Estamos tão contentes, falta pouquinho.

Estamos contentes por estar aqui, e por termos tomado esta decisão, mas o Natal foi tão bommmmmmmmm...