quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Mas quem é que manda!??!

A H. e os dentes.
Nasceram tarde os de leite, tarde chegam os definitivos.

Estão a cair os de leite mas a um ritmo tããããõooo lentoooo...

O pior é quando o dente de leite abana e não cai, o definitivo começa a nascer e o de leite não cai...

- "Deixa o pai ver...";
-"Não! Já sei o que vais fazer. Só deixava arrancar se fosse a avó..."
- "Mas eu não quero fazer nada, só quero ver!"
- "Nãããõooooo"
e lá ficou o dente...

abanar abanava, mas não caía...

Como os dentistas para as crianças são grátis aqui na Suécia, marcámos a consulta... Preparámos a H... "vai ser com spray", "não vais sentir nada", "blá blá blá".

No dia da consulta (marcada para as 8:15... e desconfio que não fomos as primeiras), lá fomos nós e com algum nervosismo a acompanhar-nos...

Já conhecíamos o dentista, simpático, conversa agradável, tirou uns raio-X... e analisou os dentes. A H. começou a perguntar o que vai acontecer, o que vai acontecer, e o dentista diz: "Querida, só te arranco o dente se tu quiseres...". "O quê?", pergunto eu.

Muito calmamente, o dentista explica-me que na Suécia, eles não forçam a criança a fazer algo que não querem. "O quê?", pergunto eu, "Dê um empurrão no dente!!!", e muito calmamente, o dentista explica-me que na Suécia, eles não forçam a criança a fazer algo que não querem. A H. levanta-se toda contente, vai escolher a sua escova de dentes e o seu brinquedo e dá-nos o seu melhor sorriso...

O dentista lá me explica que o dente não tem raiz, que em menos de um mês irá certamente cair, que não está a prejudicar o dente que está a nascer nem o resto da dentição...

Eu nem queria acreditar!!!
- 8:15 da manhã
- o stress em cima da H.
e eles não arrancam o dente porque a criança não quer...

Mas desde quando é que as crianças decidem!??!
Mas afinal quem manda?!?!

Aqui na Suécia são efectivamente as crianças... O que fará na sua personalidade? [Alguns artigos têm sido escritos, mas não irei abordar esse tema neste post!]

Em relação ao dente, espero mesmo que caia... ou será que temos de esperar pela visita da avó?


E depois de um começo tão difícil... 90%

Tanta lágrima derramada...
Tantas dúvidas que tivemos...
Tão difícil o início, a adaptação...

Apesar de todos nos dizerem para darmos tempo ao tempo, que no Natal as coisas já iriam estar diferentes... o tempo demorava a passar e os resultados teimavam em não acontecer...

[Por falar em teimar, a situação só se arrastou mais ainda devido à existência de uma grande camada de teimosia e resistência!]

Teimosia, resistência, preguiça, o mundo inteiro contra... tantos factores, todos contra apenas uma criança de 8 anos...

A verdade é que esses tempos passaram..., e a confiança e a alegria da H. voltaram!
- Já tem amigas,
- Já tem alegria quando vai para a escola! Ela que sempre adorou ir para a escola.

A habilidade de comunicar é algo de facto muito importante para um ser humano, e assim que a H. percebeu, que a conseguiam perceber e que conseguia perceber os outros, tudo mudou.

Quando fomos a Portugal estar com a família e com os amigos, receber todo aquele amor, carinho..., e os elogios... reforçou ainda mais a sua autoconfiança, e a forma como viu esta mudança na sua vida.

Quem a viu e quem a vê.

A verdade é que agora já não é uma tortura fazer os trabalhos de casa:
- as spelling words passaram de 15 para 20, e quase que já não é preciso o nosso auxílio, na sua preparação.
- Ok, a leitura do livro do período consome-nos ainda algum tempo, dado que os factores T e P (teimosia e preguiça) já estão intrínsecos na sua personalidade;
- até já tem disciplinas preferidas.

Neste momento, a sua energia já não é totalmente gasta a lamentar-se, o que lhe permite ser a aluna que era...
E o resultado viu-se no teste de matemática que fez hoje (e que já recebeu corrigido): 90%?!!?... 90%?!!? Sim H., podes jogar tablet a noite toda, e resmungar do que quiseres, e ainda comer um chocolatinho... estamos muito muito orgulhosos de ti... adoramos-te, e sabíamos que ias ser capaz!

Para ti H.



domingo, 12 de janeiro de 2014

O Natal em Portugal

Foi tão bom, mas mesmo mesmo bom...

1. A antecipação:
Toda a preparação das malas, da verificação e reverificação das nossas listas, aumenta a nossa ansiedade e expectactiva. Parece que já estamos a viajar sem ainda termos iniciado a nossa jornada.

2. A noite antes da viagem:
A mais difícil de todas! Será que vamos conseguir adormecer, "é melhor adormecermos o mais rápido possível, porque assim o amanhã chega mais rápido", dizemos nós.
Estamos tão ansiosos que as malas ficaram prontas no dia anterior ao da viagem... verdade seja dita, que não temos assim tanta coisa para levar, o mesmo já não se poderá dizer do que queríamos trazer...

3. O dia da viagem:
Prontissimos!! E muito antes da hora prevista!!
Mais vale mesmo sairmos já, assim excusamos de ter de levar com o "quando é que saímos?", "já está na hora?"
Pernas ao caminho que já só queremos é chegar a Portugal.
A viagem de avião foi longa, mas só por sabermos que íamos para Portugal, ninguém se queixou... fossem todas assim...

4. A chegada:
Prometo que não vou chorar..., prometo que não vou chorar...
Sniffffffffff, não aguentei, avós, tios e primos à nossa espera?! A emoção foi demais!!
Estavamos tao contentes, mesmo mesmo felizes!!!
Agora é aproveitarrrrrr!!!

5. Família:
Tínhamos tantas saudades da  nossa família, abraços e beijinhos houve muitos, mesmo muitos.
Apesar de ter passado "pouco" tempo, só quando chegámos nos apercebermos quantas saudades já realmente tínhamos.
Saudade, palavra bem bonita e com tanto sentimento.

6. A nossa casa:
É um facto que estamos bem  onde estamos, mas a nossa casa... as nossas coisas... as nossas memórias...
Soube-nos tão bem, estar na nossa casa.
Claro que o frio... belo do isolamento mal feito, que nos faz também ouvir todos os barulhinhos dos outros apartamentos eram dispensados.
Mas a verdade é que já tinhamos saudades de estar na nossa casinha.
A inexistência de operador de tv, fez-nos ter belos serões de conversa e apreciação de cada pormenor da nossa casa.

7. Amigos:
Até tínhamos uma lista! Ah pois que não queríamos deixar ninguém de fora. E conseguimos estar com todos. Novidades, partilhas, e mais saudades.
Foi tão bom! E verdade seja dita, estive com amigos que já não via há mais de um ano. A saudade de emigrante leva-nos a querer estar com os amigos. Antes assim, pois estivemos com todos os que queríamos mesmo estar...
Até para a H. fizemos uma lista, pois que ela tratou de nos lembrar que também ela queria estar com as suas amigas. A amizade não tem idade para começar, e no caso dela começou bem cedo e está para ficar. Os dias passavam e não ia ser possível estar com todas, resolvemos a questão com uma festa para as miúdas do "costume". Diversão garantida.

8. Petiscos:
E foi com cada um. Almoços, jantares, lanches, saboreámos tudo. Todos os nossos pedidos foram atendidos.
Quando fomos a casa da avó M. e a H. pergunta: "Avó, puseste farinheira na tua feijoada?", "Não, pensava que não gostavas de farinheira..." responde a avó M., quando a tampa da panela se levanta e só se vê farinheira... "Avóóóóóóóó!!!!"
As castanhas assadas deviam ter sido em Novembro, mas tinha de ir à baixa comer castanhas ;)

9. Natal:
A minha época favorita... Gosto mais do Natal do que de fazer anos.
A árvore de Natal, o presépio com o cheirinho a musgo, as luzes, o sol, a chuva, as filhozes, e os torcidos, a mousse de chocolate, o belo do bacalhau cozido, tanta coisa boa.
A família reunida, é a melhor parte!! É uma época intensa e cheia de Amor!

Os dias foram passando, e a sensação de bem estar, de estarmos de férias descansados, de estarmos a aproveitar cada minuto, cada momento, persistia.

Tivemos mais férias neste período de Natal do que quando estivemos de férias de Verão... E sem o stress dos preparativos de uma viagem para o "desconhecido".
O stress que tivemos agora, foi se iriamos conseguir colocar nas 4 malas tudo o que estava na nossa lista (lista essa que começou a ser feita no primeiro dia que aterrámos na Suécia)... claro que não coube tudo o que queríamos, mas conseguimos trazer grande parte :)

10. O regresso:
Isto de ser emigrante não é mesmo nada fácil... virmos embora quando estavamos tão bem.
Mas férias são férias...
E o regresso não foi assim tão dificil, todos sabíamos que iríamos voltar, já sabíamos o que nos esperava, já não foi uma viagem rumo ao desconhecido.
Despedidas rápidas, para não termos surpresas e lá fomos nós... a verdade é que temos uma segunda família na Suécia que também nos acarinha e de quem sentimos falta.

Ainda em viagem e encontramos um casal que conhecemos aqui, e mais um outro casal que também está na Suécia desde Agosto... mundo pequenino este.

Não saímos de Portugal sem antes termos marcado a viagem de visita dos nossos avós: 04Abril (já estamos a contar os dias). Ficámos 4 meses sem visitas, mas agora só vamos ter de esperar 2,5 meses... Estamos tão contentes, falta pouquinho.

Estamos contentes por estar aqui, e por termos tomado esta decisão, mas o Natal foi tão bommmmmmmmm...