quinta-feira, 23 de outubro de 2014

As minhas mãozinhas de fada e a confiança sueca...

Pois é, as minhas mãozinhas de fada voltaram a atacar, e desta vez na minha casinha (quase nova) da Suécia.

Eu sei que o V. quase que me proibiu de ir à cozinha depois de eu ter partido o botão do microndas (e ainda por cima já tinha acontecido um episódio semelhante na casa dos meus pais), uma prateleira na cozinha, e outras coisas que agora não interessam porque acidentes acontecem a todos!! As minhas mãozinhas de fada têm às vezes pouca sorte e... pronto... aconteceu na cozinha do V... fica lá com ela que eu dispenso-a bem :)

Sobre a minha alçada esteve sempre o tratar da roupa, que em casa portuguesa está sempre na cozinha, daí o V. não ter conseguido barrar na totalidade o meu acesso à cozinha.

Na Suécia, casa quase a estrear com máquinas novinhas novinhas que dá gosto olhar para elas.
Depois de ler as instruções (em sueco) lá percebi como funcionavam e toca lá a pô-las a trabalhar.

Ora num dia atribulado, em que queria limpar a casa e pôr a máquina a lavar ao mesmo tempo, verifiquei que me tinha esquecido de um lençol... ora um lençol não é algo que se possa pôr a lavar daqui a uns dias... vá de interromper a máquina e esperar pelo clique para abrir a porta (pelo menos é assim que a minha máquina portuguesa funciona)...
"Vá lá despacha-te", digo para mim mesma... e ponho as mãos no manípulo da porta..."Então??... Abre lá!!"
[ClanK]
"Que é isto?? Porque está o manípulo a abanar??"
[...]
"NÃÃÃOOOOOOO"
[...]
Resultado: o manípulo da porta está oficialmente partido, a porta não abre, a minha roupa está lá dentro, não a consigo tirar e não consigo enfiar mais roupa lá dentro...
A sério?!??! As minhas mãozinhas de fada não podiam ter "atacado" qualquer outra coisinha mais simples... Não, tinha de ser logo a máquina de lavar roupa. E não, não está na garantia, porque a garantia é de 2 anos e a casa tem precisamente 2 anos...

Telefono para os srs do condomínio que me dão instruções para puxar uma treta qualquer que faz abrir a porta... certo, aquilo é de plástico... não vai funcionar com as minhas mãozinhas de fada... é melhor esperar pelo V.
Quando o V. chega a casa lá lhe explico a situação, ele puxa a treta de plástico, e voilá... a cena de plástico parte-se...
[...]
Resultado: o manípulo da porta continua partido, a porta não abre, a minha roupa está lá dentro, não a consigo tirar e não consigo enfiar mais roupa... e a cena de plastico está também partida... fantástico...

Uma amiga "tuga" já me tinha dito que os seguros suecos para as casas cobriam várias coisas, não apenas o recheio, e que não tinham condicionantes ao local onde aconteciam os "incidentes", por isso, vamos lá tentar o seguro da nossa casa...
(nota: é um seguro recente porque apenas o fizemos em Maio)

Depois de uma longa conversa com o moço dos seguros, muito simpático por sinal, percebi que eles efectivamente cobrem este tipo de avarias... não entrei em pormenores sobre as minhas mãozinhas de fada... o que eles não sabem não os afecta :)

Resumindo, eles cobrem apartir de determinado valor.
- "Boa!!" pensei eu. "Então por exemplo, se o valor da reparação for x (orçamento dado pela marca da máquina), voces cobrem a partir de y, quer dizer que nós receberíamos z (neste caso seria 40sek (aprox. 4,4€))?".
- "Correcto.", diz o moço dos seguros. "Qual o nr da sua conta bancária?".
- "Conta bancária?!?! Não, eu ainda não tenho o valor final!", respondo eu indignada com a pergunta dele...
- "Ah! Então quando tiver o valor basta voltar a contactar-nos."

Muito bem! Passado uma semana... sim, uma semana, porque se nos níveis de serviço suecos estiver definido uma semana, é uma semana e não vale a pena alegar que temos crianças, blá, blá...

Passado uma semana, o especialista lá veio, equipado com:
- uma porta
- um mini pc
- uma mini impressora
- e um POS
fez tudo em menos de 15 mins, sem ter de abrir a máquina... fantástico como as máquinas evoluiram..., depois registou tudo no seu mini PC, imprimiu o recibo na sua mini impressora, paguei com cartão MB no POS, mas o recibo do cartão MB tinha de seguir por mail, porque infelizmente aquele POS não imprimia os recibos... depois de tudo, queria eu lá saber que o POS não imprimisse o papel do cartão MB...

Máquina arranjada, hora de ligar para a companhia de seguros. Lá vamos nós...

"Blá, blá, porta da máquina avariada, blá, blá, sim tenho o valor, blá, blá... O nr da minha conta bancária?? Vou procurar só um momento!"
Ao fim de 15 minutos lá encontrei o nr da conta... dou o nr e pumba, a chamada cai... "Bolas, que agora é hora de almoço, já não vou apanhar nenhum sueco..."

Lá volto a ligar, repito a história toda, e oiço do outro lado:
- "Não se preocupe que a ordem de transferência foi feita e daqui a dois dias tem o dinheiro na sua conta."
- "Ah! Obrigada! Então e agora o que é necessário para enviar cópia da factura?", questiono eu com ar aliviado.
- "Não precisamos de cópia da factura, diga-nos apenas a empresa responsável pela reparação".
- "Como?!?!?"

Ora bem, se uma pessoa liga a dizer que teve um problema em casa e que teve determinado custo, o seguro cobre o valor acima do risco do cliente...
"Então e se nós dissermos um valor qualquer?", pergunta qualquer um vindo de um outro país que deixou à muito de confiar nos serviços do seu país...
"Mas porque haveríamos de mentir no valor?", se sabemos que eles cobrem, sem questionar, sem obrigar a provar o impossível... porque haveríamos de mentir?

Para nós foi difícil acreditar que poderia ser assim...
Nós que ainda estamos à espera que a seguradora nos devolva o valor do seguro que não está a ser utilizado por já termos vendido o carro.
Pois, é que falta sempre o papel... qual papel? precisamente aquele que não temos é sempre o papel que as seguradoras precisam.

É bom saber que existe algo diferente para onde podereremos tentar evoluir, porque simplesmente, é possível e funciona.
Se cada um cumprir com a sua parte, porquê desconfiar?



domingo, 19 de outubro de 2014

Já passaram 2 meses e faltam 2 meses

Parece a repetição de um post do ano passado, mas de facto, é assim que nos sentimos quando chegamos a esta data...

"Já passaram 2 meses e daqui a 2 meses estamos em Portugal!".

Mas desta vez os 2 meses passaram a correr... nem acreditamos que já passaram 2 meses, já fizemos muita coisa, mas sem stresses, soube bem.

Este ano parece a consolidação de algo.
As rotinas são a evitar no casamento pois podem destruí-lo, mas neste caso, cada rotina que construímos sentimo-la como a consolidação da nossa vida aqui.
Claro que os nossos pensamentos, mesmo sem o querermos, fogem sempre para Portugal. As saudades, essas, têm sempre uma batida ligeira no coração, porque não passam, nunca vão passar. Temos sempre saudades...

Mas a verdade é que daqui a 2 meses estamos em Portugal.
Temos um "ninho" aqui, e um "ninho" em Portugal. Dizem que o homem se sente sozinho quando perde a sua casa, o seu "ninho". Nós temos dois, cada um com a sua história, com a sua vivência.

Daqui a 2 meses estamos em Portugal, e temos a certeza de que vão passar bem rapidinho.

Até já... a tudo o que nos espera, a quem nós amamos e a quem nos ama...
Daqui a bocadinho estamos aí :)

quinta-feira, 2 de outubro de 2014

E este ano?

Depois do ano passado ter sido tão intenso este ano começou, tal como esperávamos, mais calmo. "Nada de interessante se está a passar..." ... nada disso! Quer dizer... claramente mais calmo, mas ainda com algumas peripécias ;)

Mas a nossa principal preocupação é sempre as míudas. Mesmo que as coisas corram bem, os nossos pensamentos vão sempre para elas. Até elas dizem "Mamã, relaxa, está tudo bem!" (é mais a H. que me diz isto), a M. começou uma nova etapa na sua vida, e não poderia ser fácil. Não o foi para nenhum de nós e certamente não o seria para ela também: a 1ªclasse.

Mas algo facilitou muito o nosso regresso..., foi o regressar para a nossa casa. A nossa casa!
Foi chegar, poisar as malas, e relaxar... 
- sem stress de: sitíos temporários em que nem vale a pena tirar algumas das coisas das malas, porque aqui não vão fazer falta,
- sem o stress do: bolas, que faz mesmo aqui falta isto, mas que treta que não podemos fazer nada.
- sem o stress de: daqui a uns meses vamos estar a procurar um novo sitío porque este é temporário.

Dizem que o ser humano se sente perdido/desorientado sem a sua casa, o seu ninho... e é de facto um dos factores mais importantes para a estabilidade emocional de uma família, de um indíviduo.

E foi assim que nos sentimos quando regressámos... calmos e relaxados... nem sequer nos precisámos de preocupar com as coisas do "regresso às aulas" que aqui eles tratam de tudo.

A nossa casa ainda passou por uma prova importantíssima: será capaz de receber uma família de 4? A resposta é sim! 
A família G. chegou no dia seguinte a nós. Quartos preparados sem grandes alterações, ninguém se sentiu "apertado", tínhamos espaço :). E o melhor foi que ninguém teve de dormir na sala ou levar connosco às 6:30 a tomar o pequeno-almoço.
Não, correcção. O melhor mesmo foi ter a família G. connosco!
Foi uma continuação das nossas férias em Portugal. 
Foi uma renovação de amizade, que sempre existiu e que esteva lá, mas estava meio "adormecida".
Foi muito muito bom!

Foram 5 dias, a conhecer uma cidade e um país que ainda a nós nos surpreende. De brincadeiras no jardim com a escavadora. Das conversas à noite (não podiam ser até de madrugada, porque no dia seguinte era dia de escola/trabalho). De muitas caminhadas e quase pés rebentados.
(suspiro)
Foi mesmo bom. Durante uma semana andei a "ressacar" da falta que me fizeram :) A responder às perguntas das meninas. "Achas que eles voltam?", "Achas que a B, me acaba o porta-chaves quando estivermos lá no Natal?", "Oh, era tão giro com elas aqui...
(suspiro, outra vez)

Mas a nossa vida ainda precisava de mais uns arranjos! Algumas coisas na lista que foram prioritizadas: carro, tv, algo para nos sentarmos no nosso "jardim de inverno", festa da H., regresso às aulas de sueco.

Carro estava no topo da lista e cumprimos. Obrigadinha a todos os que me aconselharam a não ter carro em Estocolmo. Pois sim, apenas dizem isso porque não viveram em Estocolmo, porque não tinham compras da semana a fazer para uma família de 4, porque não tinham amigos fora do centro de Estocolmo, porque não fizeram nada fora do centro de Estocolmo. Belo conselho! Está no lixo!
Temos carrinho e sabe-nos muito bem!

Festa da H.: depois da festa de arromba em Portugal, que me ia destruindo a garagem, fizemos uma festa na Suécia. Marcada com 3 semanas de antecedência por causa das famílias suecas e que baralhou os nossos amigos tugas. E que ao início da noite me virei para um pai italiano e lhe disse:
- "Bem...", 
- "Está na hora de irmos embora...", interrompe-me ele! 
- "Não, vamos agora jantar", respondo-lhe eu. 
O olhar surpreendido dele foi hilariante. Mas há lá festa portuguesa que comece à tarde e não se prolongue para o jantar?? E para os italianos é igual, mesmo que estejamos na Suécia.
A H. esteve felicíssima. E nós também que desta vez abrimos as portas em grande da nossa casa :)

O resto foi acontecendo, como normalmente nos acontece: com calma.

Estamos bem! Estamos a aproveitar a nossa casa, os últimos dias de Sol, e um ligeiro quentinho. 
Sentimo-nos bem quando chegamos ao nosso cantinho... aqui, quase, quase à beira lago plantado.